segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poluição do ar atinge níveis críticos em Goiânia

Os goianienses estão respirando fumaça, sobretudo proveniente dos escapamentos de automóveis. Estudos de universidades e outros realizados por órgãos ambientais apontam para a presença elevada de partículas poluidoras no ar da capital. Teste de medição de gases emitidos por automóveis, feito pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), resultou na reprovação de 55% da frota de Goiânia.


A pedido do POPULAR, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) mediu na última sexta-feira a quantidade de fuligem emitida por ônibus do Eixo Anhanguera. Foi reprovada 20% da frota. Os automóveis são os principais responsáveis pelo que há de poluição no ar de Goiânia, pois o parque industrial da cidade fica distante do centro expandido. Mas é justamente no centro expandido onde a poluição se concentra na capital. Essa aparente contradição explica-se pelo intenso fluxo de carros, motos, ônibus e caminhões que circula diariamente pela região central da cidade. Nem mesmo a exigência de todos os automóveis brasileiros saírem de fábrica somente equipados com peças e componentes dotados de tecnologias que respeitam o meio ambiente modificou o quadro. O Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) estabelece dessa maneira desde 1996, mas o crescente aumento da frota anula a redução de poluentes obtida por meio de catalisadores e sistemas de injeção eletrônica de combustíveis, explica o gerente de Avaliação de Estudos Ambientais da Semarh, José Augusto dos Reis Cruz. Nos últimos dez anos a frota de Goiânia cresceu 71%, chegando a mais de 980 mil automóveis.


Motos No estudo da Semarh, os piores resultados relativos a emissão de poluentes diz respeito justamente a um tipo de automóvel não totalmente contemplado pelo Proconve. As motocicletas não têm catalisador, mas somente abafadores de som. Elas tiveram 100% de reprovação nos testes feitos pela empresa de inspeção veicular contratada pela secretaria. Apenas nos últimos três anos alguns modelos de motos vêm equipados com injeção eletrônica de combustível, que controla a combustão do motor e reduz a poluição. Carros que funcionam a álcool tiveram o segundo maior índice de reprovação, contrariando a informação de que são menos poluentes. A explicação é a falta de regulagem no motor, segundo a pesquisa da Semarh que vai fundamentar o Plano de Controle de Poluição Veicular (PCPV). Este plano tem prazo para ser aprovado: 30 de junho deste ano. Quando entrar em vigor, em abril de 2012, todos os proprietários de automóveis terão de fazer inspeção veicular ambiental para tirar o licenciamento. O serviço será cobrado. Os motores a etanol tiveram 66% de reprovação. E o porcentual reprovado de carros que consomem gasolina chegou a 54%. Da quantidade de caminhonetes movidas a diesel, 44% não foram aprovadas. Também alimentados pelo mesmo combustível, os caminhões tiveram reprovação de 56% da sua frota. "São índices elevados e preocupantes, embora Goiânia ainda não possa ser considerada uma cidade poluída", sustenta o gerente da Semarh. De acordo com o pesquisador na área de Engenharia Ambiental Antônio Pasqualetto, embora a poluição em Goiânia não seja considerada alarmante, ela preocupa devido às características climáticas da cidade. A temporada de seca e baixa umidade colabora com a concentração de poluentes. "Sem chuvas, aumenta a quantidade de material particulado perigoso ao organismo quando inalados", explica. Tratam-se de compostos químicos como monóxido e dióxido de carbono, dióxido de enxofre e ácido sulfúrico, que causam doenças respiratórios e asfixia. Além da agressão à saúde, provocam danos materiais como corrosão de materiais e danificação de equipamentos.


Ônibus soltam fumaça preta


Os ônibus do transporte coletivo também são abastecidos por óleo diesel. Aqueles que compõem a frota do Eixo Anhanguera foram aferidos por técnicos da Agência Municipal do Meio ambiente (Amma). O que se observou foi fumaça preta saindo do cano do escapamento desses automóveis. "Sofre quem frequenta os terminais de ônibus, pois são espaços onde não há circulação de ar. A fumaça bate no teto e volta para o passageiro aspirar", criticou o gerente de Monitoramento Ambiental da Amma, Ramiro Cristiano Martins Menezes. A auxiliar de limpeza Mariluce Gouveia Silva passa diariamente pelo que o servidor da Amma descreve. Na última sexta-feira ela espirrava com um lenço de papel na mão, enquanto esperava por um ônibus que a levaria para casa, na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia. "A sujeira na pele também incomoda. Chego em casa imunda", disse. O teste com os ônibus do Eixo Anhanguera foi realizado pela Amma no Terminal da Praça A, por meio da escala de Ringelmann. Este teste consiste na comparação visual feita com um disco no qual estão contidas colorações em tons de preto. Em Goiânia, o nível de poluentes emitidos pelos motores não pode ultrapassar a terceira tonalidade da escala, devido à altitude da cidade: acima de 500 metros.

Este método de medição foi criado no fim do século 19 mas ainda é utilizado em todo o País. Na semana passada, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que mede a poluição do ar em São Paulo, reconheceu que o padrão está desatualizado. Em Goiânia havia quatro estações de medição da Semarh, mas estão desativados. Outros oito equipamentos foram adquiridos, mas não estão instalados (Jornal O Popular de 18/4/11)

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